A mulher; Os Portuguezes em Tanger
J. J. Rodrigues de Matos
9781465567888
15 pages
Library of Alexandria
Overview
La femme est l'etre le plus parfait entre les créatures; elle est une création transitoire entre l'homme et l'ange BALZAC Ser extraordinario, tu só, rainha absoluta do coração do homem, sabes por elle ser adorada, nunca, porém, aborrecida! Quando as tuas faces estão ainda cobertas com o veu da innocencia, vês a teus pés um cortejo de escravos que só acham ventura em merecer-te um sorriso. O nobre orgulhoso, se julga feliz ao ouvir-te uma palavra, que lhe faça sorrir uma lisongeira esperança; o avarento, julgando-se pobre, vê em ti um thesouro, que o faria feliz; o pobre, que te ama, se rala de ciumes ao ver-te rodeada d'homens que não como elle te saberiam amar. Do nobre não fujas, se não receiares que o amor que no peito lhe ferve, se póde gelar com ambição de brazões. O avarento evita, porque ao possuir-te, esconderia 'num canto essas galas da natureza herdadas, profanando assim o que o Creador soube formar para admiração do homem. Do pobre não rias porque tem coração. Mulher, doce fructo do amor da divindade, se vires o homem abraçado ao feio scepticismo, eleva, com sorriso angelico, aos ceus os olhos, e farás renascer 'num coração frio o fogo das crenças. Se quizeres que umas faces sêccas se cubram de pranto, chora, e verás umas novas lagrimas unidas ás tuas. Se quizeres que o moribundo conheça todo o fogo da vida, senta-te á cabeceira d'esse leito da morte, e elle julgará, ao ver-te, um anjo de Deus que o vem consolar; e se o não revocares á vida, é maior o teu triumpho; não terá elle necessidade de orar, porque acreditará que tu, o seu anjo da guarda, o vens visitar, para o acompanhar contente á morada dos justos. Mulher, para que fostes criada? Nem tu o sabes! Quando pura sahiste das mãos do Eterno, foi-te confiada uma missão sublime. Nasceste para consolar o homem das fadigas da vida, para lhe lembrares que ha um Deus, para lhe apontares com um sorriso a estrada da felicidade, quando o espinho cruciante da mágoa lhe houver trespassado o coração. Nasceste, em fim, para dizeres, sorrindo, ao homem—queres ser feliz? Ama.