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José Estevão (Edição do centenario)

9781465566447
18 pages
Library of Alexandria
Overview
QUINZE ANNOS DEPOIS Passa o primeiro centenario de Josê Estevão e a sua terra natal celebra-lhe com festivaes a commemoração de gloria. Era do seu dever. Era de honra sua. Eis porque tambem sahe agora a lume a reproducção’segunda’d'essas sinceras e desataviadas palavras que uma vez, por occasião das ultimas festas commemorativas do grande tribuno, o signatario d'este opusculo teve ensejo de pronunciar no Theatro Aveirense. Foi no radioso e, para elle, inolvidavel sarau de 13 de agosto de 1894, tão cheio de galas e d'esplendores, e em que a unica nota discordante, gentilmente perdoada pela benevola assistencia, foi precisamente devida á palavra pallida e sem louçanias do ephemero e arrojado orador que alli appareceu’nem elle já se lembra bem como!’a dizer de Josê Estevão e da sua grande eloquencia. È, pois, esta reedição, agora que passa o centenario do tribuno, do mesmo passo que uma opportuna homenagem, como que tambem uma especie de publicação posthuma feita por quem, como orador, ha muito já se deu por definitivamente morto. Sobre o seu nome oratorio, fruste e fugaz, cahiu com justiça e, porventura, com piedade, a irremovida, a grossa, a pesada terra do esquecimento. Felizmente para elle! Felizmente para os outros! Todavia, se requintes litterarios e movimentos oratorios, como conspicuamente se dizia nos bons tempos em que o ominoso e erudito Figueiredo coimbrão dos «Logares Selectos7; empunhava com gravidade a fêrula didactica de canonista supremo em coisas de eloquencias e de rhetoricas, não caracterisam nem valorisam a parlenda que adeante se reproduz, tem ella, no emtanto, o merito’unico’da sinceridade na emoção e do desassombro nas affirmações que contêm. Porque, se para o orador foi um acto de audacia, sð desculpavel pela temeridade da juventude, apresentar-se a fallar em publico no logar e nos termos em que fallou, não foi menos um ousado gesto de coragem civica abalançar-se a dizer o que disse e quando o disse’em plena dictadura Hintze-Franco’com a aggravante de pouco tempo ser volvido ainda sobre o sangrento e mallogrado movimento politico do Porto que o arrastara ao pretorio, e do pretorio á prisão. Demais era elle um alumno militar e, como tal, sujeito a regulamentos especiaes, aliás então bem mais benignos do que esses outros, verdadeiramente draconianos, que ora para ahi vigoram como doutrina legal